Dangerous Criminals - 35 - Big Cut

Ryan Butler Point Of View

-Você só pode estar brincando. Eu morei aqui e quando fui embora minha família ficou. Como pode me dizer que eles não estão mais aqui? Pra onde eles foram? – Perguntei encarando a mulher a minha frente já perdendo a minha paciência.

-Meus jovens eu lhes garanto que essas pessoas não moram mais aqui. Eu sou a única moradora da casa a anos e eu sinto muito, mas não sei para onde eles foram eu nem se quer os conheço – Disse ela.

-Há quantos anos a senhora mora nesta casa? – Perguntou Justin se manifestando pela primeira vez.

-Há uns sete anos – Disse ela.

-A senhora sabe o que aconteceu com os antigos moradores da casa? – Perguntei a ela.

-Bem meus jovens eu não sei, mas eu já ouvi que a família estava passando por problemas – Disse ela parecendo pensar no que havia dito, talvez estivesse tentando se lembrar de mais alguma coisa.

-Que tipo de problemas? – Perguntou Justin.

-Isso eu não sei – Disse ela – Bom meus eu tenho que entrar e fazer o almoço espero que encontrem o que procuram – Disse por fim e em seguida entrou em sua casa fechando a porta.

-Quem essa velha acha que é para fechar a porta na nossa cara? – Perguntou Justin me encarando, ele não gostava nem um pouco que as pessoas fizessem isso.

-Vamos até a casa da sua mãe – Disse ignorando seu comentário e caminhando de volta para o carro.

-Está bem, mas saiba que se a encontrarmos vamos ouvir ate umas horas e pode ter certeza de que eu não terei muita paciência para isso – Disse ele.

-Tanto faz cara, só vamos logo – Disse e ele assentiu.

Entramos no carro e ele deu partida saindo dali. Nossas antigas casas eram bem próximas umas das outras então em menos de cinco minutos nos já estávamos em frente a casa. Descemos do carro e fomos ate a porta tocando a campainha em seguida. Cerca de um minuto depois a porta foi aberta por Pattie. Ela sorriu, mas assim que viu que éramos nós que estávamos na porta o seu sorriso desapareceu.

-Justin? Ryan? – Perguntou ela nos encarando.

-Oi mãe – Disse Justin.

-O que vocês fazem aqui? – Perguntou ela.

-Nossa mãe, nos ficamos anos sem dar nenhuma noticia e quando finalmente aparecemos a única coisa que a senhora consegue fazer é perguntar o que nos estamos fazendo aqui? – Pergunta Justin com um sorriso totalmente irônico nos lábios.

-Poderia ao menos ter perguntado como nos estamos Pattie – Disse concordando com o que Justin havia dito.

-Não preciso fazer isso, eu sei muito bem como vocês estão – Disse ela.

-Como pode saber sendo que nos passamos tanto tempo longe sem dar nenhuma noticia? – Perguntei.

-Alguém me contou como vocês estavam – Disse ela

-Quem? – Perguntou Justin com uma das suas sobrancelhas arqueadas.

-Isso não interessa a vocês. Agora me digam logo. O que vocês vieram fazer aqui? – Perguntou ela.

-Eu estou procurando a minha irmã – Disse.

-O que você quer com ela? – Perguntou me encarando.

-Eu quero ver a minha irmã – Disse.

-Entrem, eu quero fazer algumas perguntas para vocês – Disse ela nos dando passagem.

Entramos e de cara eu já pude notar como as coisas melhoraram por aqui, principalmente a condição financeira. Passei o olhar por tudo e logo chegamos à sala de estar. Pattie fez um sinal apontando para o sofá e nós sentamos assim como ela fez logo em seguida.

-Por que vocês foram embora? – Perguntou ela.

-As condições de vida aqui estavam muito ruins e nos queríamos algo melhor. Agora vejo que as coisas por aqui também melhoraram – Disse Justin passando o olhar pela sala de estar.

-Vocês não deviam ter feito isso e eu acho que também não deveriam ter voltado – Disse ela.

-Nossa mãe, eu esperava que você fosse ficar feliz em nos ver e não que diria que não deveríamos ter voltado – Disse Justin.

-Eu estou feliz vê-los, mas não consigo entender o motivo pelo qual voltaram – Disse ela.

-Bem Pattie, como eu já disse estou procurando a minha irmã. Então me diga, onde ela está? – Perguntei.

-Ryan eu não posso te dizer onde a sua irmã está – Disse ela e eu a encarei.

-Como não? Você tem que me dizer – Disse a encarando com um pouco de raiva.

-Ela não quer te ver Ryan – Disse Pattie encarando o chão.

-Por que a minha irmã não iria querer me ver? – Perguntei me sentindo um pouco mal com aquela possibilidade.

-Ela já te viu e acredite Ryan, ela não gostou nem um pouco do que você se tornou – Disse ela.

-O que? Como ela pode ter visto o Ryan? – Perguntou Justin.

-Olha garotos vocês tem que ir embora. Eu vou sair daqui a pouco e preciso me arrumar então peço que me deem licença – Disse ela ignorando completamente a pergunta que Justin havia feito a ela.

-Não vamos embora antes que responda – Disse Justin.

-Garotos eu vou dar apenas um conselho a vocês dois. Deixem a Ashley em paz, ela não quer ver qualquer um de vocês e acreditem, está sendo muito difícil ajudá-la novamente. Vocês não tem ideia do que ela está passando outra vez por culpa de vocês – Disse ela e eu a encarei sem entender aquilo.

-O que quer dizer com isso? O que aconteceu com a minha irmã? Por que ela precisa de ajuda? - Perguntei já preocupado com Ashley.

-Por favor, vão embora. Nenhum de vocês pode ajudá-la mesmo que eu diga o que ela tem. Provavelmente vocês só piorariam as coisas – Disse ela.

-Por que acha que eu faria tanto mal para a minha irmã? Eu só quero ficar ao lado dela novamente – Disse a encarando.

-Ryan você tem que entender que ver você não seria bom pra ela. Depois que vocês foram embora ela passou por muita coisa e quando ela finalmente estava conseguindo seguir em frente e superar tudo, alguns acontecimentos a colocaram pra baixo outro vez. Vocês tem que ir embora agora – Disse ela e depois olhou para as escadas, como se estivesse esperando alguma coisa acontecer lá em cima.

-Ela está aqui não é mesmo? – Perguntei me levantando no mesmo instante.

-Não. Ela está em Nova Iorque – Disse Pattie rapidamente, mas eu sabia que ela estava mentindo.

-Mãe nos sabemos bem quando uma pessoa está mentindo e você está – Disse Justin.

-Eu não estou mentindo. Agora por favor, saiam da minha casa – Disse ela apontando para a saída.

Olhei para as escadas ignorando totalmente o que ela havia dito, eu sabia exatamente o que fazer. Eu iria subir e procuraria pela minha irmã. Nada iria me impedir de vê-la novamente, e algo dentro de mim me diz que ela precisa de mim.

-NÃO, POR FAVOR, NÃO – Ouvi alguém gritar no segundo andar da casa e rapidamente encarei Pattie que se encontrava completamente sem expressão. Minha irmã estava aqui e eu iria descobrir porque Pattie não queria que eu soubesse.

Ashley Johnson Point Of View

Olhei em voltei prestando atenção em cada detalhe daquele lugar e pude perceber de cara que eu estava em um porão. Encolhi-me em um canto daquele lugar e vi alguns ratos passando de um lado para o outro. Por que tinham que me colocar aqui? Eu não tinha feito nada de errado.

Senti algo tocar meus pés e olhei para o chão, o que fez com que eu gritasse logo em seguida. Tinham ratos andando em cima dos meus pés e eu tinha muito medo deles. Eu ao queria ficar ali, queria minha casa, queria muito estar junto com Ryan.

-ME TIREM DAQUI – Gritei já com os olhos cheios de lagrimas.

Era como se ninguém ali pudesse me ouvir, mas eu sabia muito bem que ao lado de fora daquele porão às outras garotas do orfanato estavam rindo de mim. Eu nunca fiz nada para nenhuma delas e mesmo assim parece que todas elas me odeiam. Elas sempre diziam que seus pais haviam morrido e eu era tão estranha que havia sido abandonada por toda a minha família. Eu me sentia completamente sozinha o tempo todo e eu sabia que realmente estava sozinha. Aquilo doía muito em mim e eu não conseguia entender como era capaz de suportar tudo aquilo tendo apenas 12 anos. Era demais para mim e seria demais para qualquer outra pessoa também. Não desejaria isso a nenhuma pessoa.

Ouvi o barulho da porta daquele porão sendo aberta, o que me tirou dos meus devaneios e logo em seguida pude ver a senhora Freire passar pela porta. Seus olhos percorreram o lugar e logo pararam sobre mim. Vi um sorriso perverso surgir em seus lábios e novos pensamentos invadiram minha mente. Por que todos me odeiam? O que eu fiz de tão errado pra que ninguém gostasse de mim?

-Tenho um trabalho para você Ashley – Disse a senhora Freire me encarando.

-O que eu devo fazer? – Perguntei em voz baixa.

-Me acompanhe – Disse ela saindo dali.

A segui saindo finalmente daquele porão. Atravessamos corredores e varias salas ate pararmos no pátio onde as outras garotas estavam. Assim que elas me viram começaram a rir de mim como sempre faziam. Abaixei a cabeça me segurando para não chorar e encarei o chão, eu não conseguia entender porque todas elas me odeiam tanto.

-Ashley aqui está – Disse a senhora Freire fazendo com que eu voltasse minha atenção para ela.

Peguei as coisas que ela estava me entregando já imaginando o que deveria fazer. Ela havia me entregado um balde, uma vassoura, um rodo e uma escova.

-O que eu devo fazer com isso senhora Freire? – Perguntei mesmo já tendo quase certeza de qual seria a minha tarefa.

-Você irá limpar todo o pátio – Disse ela.

Assenti e sai dali, comecei meu trabalho segundos depois limpando tudo da melhor forma que podia enquanto as meninas me encaravam e riam da minha cara. Vi todas elas saírem dali, mas antes que eu pudesse ficar aliviada com aquilo elas voltaram carregando uma enorme vasilha. Parei meu trabalho as encarando por alguns poucos segundos e depois pude ver um sorriso perverso nos lábios de cada uma delas enquanto ambas caminhavam na minha direção. Dei alguns passos para trás já sabendo o que elas fariam e senti meus olhos se encherem de lagrimas no mesmo instante.

-NÃO, POR FAVOR, NÃO – Gritei dando mais alguns passos para trás, mas elas foram mais rápidas do que eu e assim se aproximaram o suficiente de mim para virar aquela enorme vasilha cheia de ratos em cima de mim.

-Ninguém gosta de você Ashley, então por que você não faz um fazer para todo mundo e morre de uma vez? – Perguntou uma delas me encarando enquanto sorria e com suas palavras eu senti as primeiras lagrimas descerem por minha face.

Eu sabia que aquilo que ela havia me dito era verdade. Ninguém gostava de mim e eu sentia dentro de mim que jamais alguém chegaria a gostar de mim de verdade. Nem meus pais, nem Ryan, ninguém me amava, ninguém nem se quer gostava de mim. Então por que eu não morria de uma vez? Isso com certeza deixaria todos felizes.

-NÃO – Gritei e abri os meus olhos percebendo assim que tudo aquilo não passava de um sonho.

O único problema foi o que esse sonho havia despertado em mim uma vontade que venho tentando controlar, quase sem sucesso, mas que agora parece bem maior do que antes. A única coisa em que eu conseguia pensar é que eu queria morrer e estava disposta a fazer isso sem pensar nas consequências. Eu já estava cansada de tudo e talvez dessa vez eu conseguisse fazer algo que agradasse a todos.

Levantei-me rapidamente da cama em que estava deitada e caminhei ate o banheiro. Abri a gaveta da pia e procurei por alguma lamina, mas não havia nenhuma ali. Olhei em volta procurando algo que pudesse usar então uma única ideia surgiu em minha cabeça. Levei meu braço para trás e fechei minha mão, segundos depois a lancei para frente com toda minha força fazendo com que o espelho se quebrasse assim que meu punho se chocou contra ele.

Após isso minha mão começou a sangrar, mas eu não dei importância a isso. Peguei um dos cacos do espelho quebrados e sem pensar o enfiei em meu pulso causando um grande corte que no mesmo instante começou a sangrar. Fiz o mesmo com o meu outro pulso e pude ver uma pequena poça de sangue se formar sob os meus pés. Sai daquele banheiro e caminhei ate a sacada do quarto. Abri as portas dela e dei um impulso para subir na sacada. Equilibrei-me e olhei para baixo já pronta para pular. Algumas lembranças invadiram minha mente, me mostrando todos os motivos pelo qual iria fazer aquilo.

Pelos meus pais que sempre me odiaram pelo meu irmão Ryan que em certo ponto da sua vida passou a me odiar também, pelo Justin que eu cheguei a amar, mas que apenas queria me usar, pelas pessoas que mentiram pra mim e por saber que ninguém realmente me amava, não tinha um motivo pra continuar e era exatamente por isso que eu tinha que fazer isso.

Fechei os olhos pronta para aquilo, mas antes que eu pudesse pular a voz de Pattie invadiu meus tímpanos fazendo com que eu parasse, mas ainda assim sua voz não iria me impedir. Não dessa vez, e eu tinha total certeza de que já estava passando da hora de fazer o que todos querem que eu faça. Não posso simplesmente desistir agora.

-Ashley, por favor, desce daí – Disse Pattie pela segunda vez e eu pude de cara notar o desespero em sua voz.

-Eu sinto muito, mas eu não posso mais fazer isso, eu não aguento mais. Eu preciso disso. Perdoe-me por estar fazendo isso, mas eu não posso continuar, eu não consigo mais fazer isso – Disse e fechei os olhos novamente.

Já pronta para fazer aquilo eu deixei meu corpo leve e me deixei cair para frente. Como a casa tinha agora três andares eu sabia que tinha uma grande chance de morrer, mas em poucos segundos meus planos foram por água abaixo quando eu fui puxada para dentro por Pattie.

-Ashley, por favor, você não pode fazer isso, você vai superar isso. Vai ficar tudo bem, você vai ver – Disse ela enquanto algumas lagrimas desciam por sua face.

-Já se passaram sete anos tia Pattie. Eu não vou superar isso nunca, e eu não posso continuar, eu não aguento mais. Todos me odeiam, mentiram pra mim ou me abandonaram. Ninguém se importa comigo, não faz sentido continuar com isso. O meu irmão tia Pattie, o Ryan me odeia mais que qualquer um e eu não sei o porquê disso – Disse a encarando.

Ouvi o barulho de algo caindo e olhei no mesmo instante para a porta vendo Ryan ali junto a Justin e era provável que ele tenha ouvido tudo o que eu acabei de dizer...

Bom aqui está outro capitulo pra vocês. Espero que estejam gostando e peço que comentem.